Interfaces

Olá pessoal! Vamos continuar com nossa série de estudos intitulada “Gravando em casa”, e nesta matéria, vamos falar um pouco sobre Interfaces de áudio 

foto: Pixabay; https://pixabay.com/pt/photos/amplificador-batedeira-viver-viol%c3%a3o-4645840/

1. O que são interfaces de áudio?
São dispositivos que processam o áudio do computador, possuem entradas e saídas de áudio e midi (nem todos os casos) e são controladas via software. Ela é o dispositivo necessário para que você possa gravar no computador com qualidade.

2. Quais são as configurações ideais para uma interface profissional?

Devemos observar as seguintes configurações:

• Comunicação
• Taxa de amostragem
• Resolução
• Recursos (midi e phantom power)

Vamos então explicar cada um:

a). Comunicação
A maioria das interfaces de áudio hoje usam porta USB, podendo ainda encontrar interfaces Firewire (não recomendadas). A vantagem de ser USB é que essa interface de comunicação é praticamente padrão em todos os computadores atuais, sejam eles PCs ou Mac. Contudo, é necessário que você observe o seu computador para ver se ele será compatível com uma interface de áudio. Computadores mais novos, sempre vão possuir USB 2.0 ou superior. Contudo, computadores mais antigos podem ter somente a versão 1.0 da USB e isso não é bom. As taxas de transmissão da USB 2.0 chegam a 480Mbps, ou seja, ideal para trafegar áudio sem perdas ou latências, mas a versão 1.0 chegava até no máximo a 12Mbps, o que é extremamente baixo para transmissão de áudio e completamente inviável. A boa notícia é que se o teu PC tem no máximo 10 anos, dificilmente ele terá apenas portas USB 1.0, provavelmente terá pelo menos 1 porta USB 2.0. A versão 2.0 foi introduzida no ano 2000 e hoje está em todos os computadores. Inclusive as versões superiores que são a 3.0, 3.1 e 3.2. Versões estas que passam 5Gbps.

b). Taxa de amostragem
É a frequência que o áudio é gravado. Pra resumir, quanto maior a frequência, melhor será a qualidade de teu áudio. O padrão da década de 90 (nos ADAT’s e VS 's), era de 96KHz. Atualmente, as interfaces chegam à frequência de 192KHz. É importante entender que não é necessário exatamente gravar a 192KHz, mas o fato da interface suportar uma frequência tão alta, mostra que ela não terá problemas para trabalhar com amostras de vários áudios simultaneamente à frequências menores. Isso garante mais recursos na interface, pois você poderá gravar muitas pistas com alta qualidade e também poderá capturar melhor as frequências de áudio externo e ainda, ter melhor qualidade na resposta dos efeitos. Na hora de adquirir uma interface, procure sempre optar pela maior taxa de amostragem, mas, considere em alguns casos, também interfaces de 96KHz, pois é uma frequência de um som já profissional.

c). Resolução de áudio
A resolução do áudio tem haver com a taxa de compressão dos bits gerados para criar um arquivo de áudio. Quanto maior for o valor, menor será a compressão e isso significa melhor qualidade. Por exemplo, a qualidade de áudio de um CD é de 16 bits. Como o áudio do CD não será editado, não será remixado e/ou regravado, essa qualidade atende, mas, considerando que há perdas. Em um áudio bruto, ou seja, aquele que acabou de ser gravado, que ainda será editado com equalização, efeitos e compressão, então a diferença no valor de bits trará um resultado final absurdo. Então, os equipamentos para criar uma gravação de alta qualidade precisam ter alta resolução. As interfaces de hoje trabalham com resolução de 24 bits, o que é ideal para um trabalho de gravação. Então, ao escolher uma interface de áudio, não se esqueça de conferir sua resolução que deve ser igual a 24 bits, pois ainda existem interfaces (do tipo baratas), que têm resolução inferior.

d). Recursos

• MIDI - é a porta de comunicação de controladores como teclados, sample pads e outros dispositivos de gravação. O midi não transmite sons, somente códigos que informam para o sistema (hardware e software) por exemplo, a nota tocada, o tempo (lenght), a força que foi tocada (velocity), MTC (código de sincronia), etc.Muitos controladores atuais usam o cabo USB como midi e isso é ótimo, contudo, ainda existem vários que utilizam o cabo midi comum. Como é comum ter equipamentos que usam o cabo midi convencional, por isso, é interessante ter uma interface que possua portas midi, para que você não fique sem usar um controlador por falta de uma porta adequada.

• Phantom Power - Imprescindível! É a transmissão de corrente elétrica pelo cabo XLR. Essa corrente é de 48v e serve para alimentar microfones condensadores, sem os quais você não vai conseguir fazer uma gravação acústica de qualidade. É possível conseguir Phantom Power por meio de outros dispositivos, como um Direct, mas, o ideal é que a sua interface já possua este recurso, que aliás, é muito comum nas interfaces.

3. Quantos canais eu preciso?
Existem interfaces de 1 canal, 2 canais, 4 e 8. Além das interfaces que possuem este número de canais, também os mixers digitais (que podem ser usados como interfaces) possuem ainda mais canais, como por exemplo, 16, 24 e 32. Mas qual é a ideal para um home studio? Antes de falar exatamente sobre este assunto, é importante salientar que o número de canais de uma interface não influencia na qualidade do áudio, ou seja, uma interface de 2 canais poderá ter a mesma qualidade de áudio de uma de 8 canais, sendo sua diferença somente e quantos canais separados você poderá gravar simultaneamente. Bem, agora vamos lá: Na primeira matéria, quando falamos de computadores, eu iniciei explicando a diferença entre 3 modelos de home studio: arranjos, arranjos e ensaio e áudio e vídeo. Bem, vamos ter que comprar a interface, conforme o modelo adotado, então, vamos dividir essa resposta em três partes:

a). Arranjos

 
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O home studio de arranjos, não terá necessidade de gravar muitos canais ao mesmo tempo, pois normalmente, o mesmo músico é quem grava todos os instrumentos e as vozes poderão ser gravadas uma por vez, então, seria um desperdício de dinheiro comprar uma interface muito mais cara, como uma interface de 8 canais para um estúdio de arranjos. Mas, uma interface de somente um canal, não é recomendada também, pois, alguns instrumentos ou dispositivos, usarão 2 canais de resposta, por exemplo, um multi-efeitos de guitarra, um teclado, uma bateria eletrônica, etc. Então, minha recomendação é que se o modelo de home que você deseja seja somente de arranjos, então, opte pela interface de 2 ou 4 canais.

b). Ensaio 

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Se seu modelo for um estúdio que permita gravar o ensaio, então, já pense em uma interface de 8 canais ou superior. Lembrando que diferente do estúdio de arranjos, antes de ter o equipamento para montar um estúdio de ensaio, você deverá primeiro pensar no local adequado, então, não se esqueça de pensar em todos os detalhes de maneira organizada para não perder dinheiro, pois não adianta uma super interface para gravar (por exemplo), 24 canais e não ter lugar para conter os músicos!

c). Áudio e Vídeo
Um estúdio equipado para gravar áudio e vídeo, normalmente deverá ter uma interface com muitos canais, pois esse modelo de estúdio é como o de ensaio, porém, conterá câmeras. Então, pra resumir, esse modelo de estúdio deverá ser pensado como o estúdio de ensaio.

4. Conclusão

Uma interface adequada, deve ser a interface de acordo com o modelo de estúdio escolhido. Então, você deverá escolher o número de canais conforme o modelo de seu estúdio. O número de canais não tem haver com a qualidade do áudio, portanto, uma interface de 2 canais apenas poderá ter a mesma qualidade que uma interface de 8 canais ou até mais. O importante na hora de comprar uma interface é conhecer suas configurações: comunicação USB 2.0 ou superior, taxa de amostragem 96KHz ou superior, resolução de 24 bits, Phantom Power e portas MIDI in/out. 

 

Com essa sugestão, você vai comprar uma interface que com certeza te atenderá seus requisitos para uma gravação profissional.

Na nossa próxima matéria, vamos falar sobre DAW’s, o que são, quais os tipos mais usados hoje em home studios, e como as coisas estão muito mais fáceis que há alguns anos atrás!